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A cada ano que passa, vou compreendendo melhor o mistério Pascal, vou abrindo cada vez mais os meus olhos impuros para o maravilhoso dom do Amor. Este ano, senti de maneira muito diferente estes quarenta dias e esta Semana Maior... Sem me dar conta fui trilhando um caminho que me fez perceber um pouco mais da minha função aqui em baixo...

Ao contrário dos anos anteriores, fui-me recolhendo não numa igreja e com gente à minha volta, mas procurando espaços que me permitissem a contemplação e a oração. Encontrei o meu horto das Oliveiras, o meu Sinédrio, o meu Calvário... A minha vida. Fui calmamente meditando sobre este Teu dom de nos amar sem medida, de te entregares por nós... A Tua Paixão deixou de ser apenas literatura e tornou-se real aos meus olhos, como se Te tivesse acompanhado no caminho, como se visse o que Tu viste na Tua dolorosa caminhada, como se algum dia me fosse possivel ter a Tua fé...

No momento em que me deitei no chão de terra batida e de braços entendidos, olhando para o céu e pensando naquilo que viste enquanto Te pregavam na cruz... Dei-me conta que o melhor era deixar de pensar e que apenas olhar bastava... Olhar o que Tu olhaste, tirando a beleza e a força de saber que o Pai está ali, sempre ali.

A chuva batia no meu corpo como chicote mas não senti dor, nem desespero... As lágrimas que corriam pelo meu rosto e que se misturavam com a chuva eram as lágrimas de alegria por me teres mostrado um pouquinho mais do Teu amor, de me teres feito compreender...

Existem coisas que não podem ser descritas por palavras... Mesmo que o queiramos fazer...

Hoje espero e fico de vigia... Sei que amanhã é o primeiro dia!